Eleições antecipadas

Hugo Romano

Eleições antecipadas

Temos um Presidente da República que sabe bem o seu lugar e a sua função. Nunca tivemos uma pessoa no cargo, que fosse especialista em Direito Constitucional, e aqui poderíamos ter uma oportunidade única.

Optou por usar os dois mandatos como um ensaio de direito constitucional, esticando ao limite os seus poderes de Presidente, ultrapassando a norma e os limites.

Várias vezes senti que o desejo do actual Presidente era que Portugal fosse uma república democrática semi-presidencialista, para seu desagrado, não é, mas bem tenta!

Várias vezes disse que não comenta casos de Justiça, actos do Governo, mas não é bem assim. Antes da reprovação do orçamento de 2022, este ameaçou o Parlamento, que no caso da reprovação o dissolvia, como veio a fazer.

Não deixou a Democracia funcionar, potenciou extremistas, e atrasou o país em seis meses. Portugal parou, com uma Pandemia, para depois chegar uma guerra à Europa e Portugal no limbo.

O orçamento acabou por ser aprovado para uma premissa que já não existia, desfasado da realidade dos portugueses, para ser gerido por um Governo suportado por uma maioria parlamentar, que agora faz o que quer.

Se o seu desejo pessoal é tomar banhos de mar, passear pelo país e abraçar pessoas, bom proveito faça, ninguém lhe condena por isso, pois são actos honestos. Agora, ser catalisador da entropia do país, do retrocesso democrático e do desinteresse pela política, isso é grave, e cheira a fantasmas do passado.