Governar à vista

Hugo Romano

Governar à vista

Em meio século de Democracia, parece que sempre foi governar à vista. Só existiram dois momentos que não o foi. A Revolução de 1974 e a adesão em 1986 à Comunidade Económica Europeia, hoje União Europeia.

Governar à vista, como uma navegação em água interior, em mar completamente fechado, aquela área de navegação em que um Estado ribeirinho até pode impedir o direito de passagem inofênciva.

Toda a política nacional vive do conjuntural, do imediato, dos problemas largamente expostos na comunicação social, o resto é para esquecer. Daí que como país ainda não saímos do mesmo sítio, porque só resolvemos problemas de forma desenrascada e sem planeamento, somos reactivos.

Também existem entidades “sagradas”, como as férias de Agosto, os problemas podem esperar e o país pode parar, que não é problema.

Como os problemas são estruturais, mas a narrativa da comunicação social é conjuntural, quando é para encontrar culpados são sempre os outros, a Guerra, a Pandemia. Ainda não encontrei um político que olhe para os verdadeiros problemas e os resolva.

Chama-se a isto empurrar com a barriga, e assim vivemos.

Sendo Portugal, uma Democracia Parlamentar, podíamos nas intervenções dos Deputados, de ambos os lados, ouvir soluções e estratégias, mas só ouvimos ruído. Recomendo a qualquer cidadão que uma vez na vida visite a Assembleia da República em sessão parlamentar, e saíra de lá enojado, a retórica é pobre e má educada. Adoraria chamar a casa da Democracia, mas não o é, é a casa do barulho.

Nesta Governação conjuntural, quase todas as soluções são as mais fáceis, que depois se traduzem em medidas urgentes de impacto mínimo, que por fim alimentam a mão que gere a máquina, a corrupção.