Vergonha Senhor Presidente
Hugo RomanoJardins do Palácio de Belém, em Lisboa, 11 de Outubro de 2022, quando questionado por jornalistas, sobre as 424 de testemunhos reportados à Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa, o Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que “Haver 400 casos não me parece que seja particularmente elevado, porque noutros países e com horizontes mais pequenos houve milhares de casos”.
Estas declarações são graves e motivo de vergonha, vindas de um Presidente da República Portuguesa, que deveria ser um exemplo de respeito e dignidade para todos os Portugueses. Facto é que a Igreja e Religião vira a cabeça aos políticos, de uma forma geral.
Um testemunho reportado já é muito, então quatrocentos e vinte e quatro!?
Nada disto bate certo, pois não deveria existir uma Comissão Independente, promovida pela Igreja Católica, mas sim uma Unidade de Investigação Criminal pela Polícia Judiciária e Ministério Público, para investigar e acusar os casos de pedofilia. Paralelamante, deveria ser criada um Grupo de Apoio às Vítimas de Pedofilia e de Crimes Sexuais contra crianças e jovens, para que estas possam ter apoio psicológico e jurídico.
424 testemunhos é muito, mas muito mesmo, até muitos crimes já prescreveram. As vítimas não têm qualquer incentivo em se expôr, algo que têm guardado, por forma a caminhar para a frente com a sua vida. Nos casos prescritos, não há qualquer possibilidade de acusação e condenação dos criminosos. Para alguns casos, os criminosos já faleceram, como também as vítimas.
Dos 424 testemunhos, só 17 situações foram remetidas ao Ministério Público, para investigação e acusação.
Por fim, fica uma declaração recente do juiz conselheiro jubilado Álvaro Laborinho Lúcio, membro desta Comissão Independente, “comissão não foi constituída para denunciar os casos de abusos”. Resumindo, a Comissão não tem qualquer efeito prático, na proteção das vítimas e na condenação dos criminosos.
Mais uma Comissão, mais Unidade de Missão, mais um Grupo de Trabalho sem resultado prático, para os Portugueses.
“O tempo não come o lobo”